Suspeito de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres ocupa uma sala do Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar, no Guará, em Brasília, há 115 dias. O local, que tem entre 30 e 40 metros quadrados, é equipado com uma cama beliche, um frigobar e uma televisão e ainda dispõe de um pequeno banheiro. Na tarde desta segunda-feira, o delegado deixou a cela pela primeira vez, escoltado por agentes da Polícia Federal (PF), para prestar depoimento no inquérito que apura a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições de 2022.
Durante o fim de semana, Torres recebeu a visita de oito senadores, autorizada pelo ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao GLOBO, alguns dos parlamentares afirmaram que o ex-ministro está “com a consciência tranquilo” e “disposto a falar”. Essa será sua terceira oitiva a PF neste ano. A primeira se deu em 18 de janeiro, quando decidiu ficar em silêncio sob o argumento de que não havia tido acesso aos autos, e a segunda foi em 2 de fevereiro, quando foi interrogado por mais de oito horas.
Na ocasião, Torres afirmou considerar a minuta golpista encontrada em sua casa como um documento “muito ruim”, apócrifo, que “já era para ter sido descartado”. O papel timbrado, que falava em instaurar “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi apreendido em sua residência durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.