O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) renovou os investimentos no programa Amazônia Para Sempre. Em evento realizado ontem, em Belém, o banco anunciou que o aporte para a iniciativa passou de US$ 1 bilhão, no ano passado, para US$ 4,2 bilhões em 2024.
Os recursos serão distribuídos entre 191 projetos em execução ou em preparação, com enfoque no desenvolvimento sustentável e em ações de preservação das florestas. "Há um ano anunciamos, nesta bela cidade, o nosso desejo de contribuir para os projetos que envolvem as florestas, as pessoas, a economia e as comunidades da região. Em pouco tempo, passamos de uma ideia para números e resultados concretos. Temos tido impactos em grande escala até agora", disse Ilan Goldfajn, presidente do BID.
De acordo com Goldfajn, o número de países que doaram para o programa quase dobrou em um ano, passando de cinco para nove. Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Noruega, Israel, Países Baixos (Holanda), Suécia, e Suíça são os financiadores da iniciativa de preservação da Amazônia.
"O Amazônia para Sempre se tornou uma plataforma poderosa para impulsionar o desenvolvimento sustentável. À medida que olhamos para a COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), podemos posicionar a região como uma potência da natureza que abraça oportunidades", complementou o presidente do banco de desenvolvimento.
A solenidade contou com a presença da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do governador do Estado, Helder Barbalho (MDB). Entre os pontos discutidos pelas autoridades, foram debatidas capacitação, aconselhamento em políticas ambientais e cooperação técnica e científica para os projetos financiados pelo grupo.
A secretária do Tesouro americano afirmou que o país tomará medidas para acabar com o lucro de atividades ilícitas na Amazônia, como o desmatamento e a mineração ilegal. A ação engloba todos os países amazônicos, Brasil, Equador, Peru, Colômbia, Guiana e Suriname. "Os crimes contra a natureza geram centenas de bilhões de dólares em receitas ilícitas, ao mesmo tempo em que prejudicam comunidades locais e ameaçam ecossistemas críticos", disse a secretária.
"Esses crimes alimentam a corrupção e a desestabilização onde quer que ocorram. Ao lançar esta iniciativa, ajudaremos a proteger a integridade do sistema financeiro internacional e, ao mesmo tempo, lutaremos contra uma grande ameaça às economias locais e ao meio ambiente", enfatizou.
Marina Silva avaliou que é fundamental incorporar padrões de sustentabilidade no planejamento e na execução de projetos. Na visão da ambientalista, projetos e investimentos precisam ser feitos com base em evidências, considerando a interface entre ciência, conhecimento tradicional associado a recursos naturais e política pública.
"O objetivo é estimular um novo ciclo de prosperidade e evitar que a Amazônia se aproxime de um ponto de não retorno", disse a ministra. "Garantir o sucesso da COP16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia, em outubro, será imprescindível para assegurar os resultados robustos e ambiciosos que também queremos alcançar na COP30 do Clima, em Belém, em 2025", acrescentou.
O governador do estado destacou ainda a importância da escolha de Belém para discutir ações de sustentabilidade. O emedebista agradeceu a parceria com o BID e reforçou que é essencial o financiamento climático mundial para garantir o futuro do planeta.
Barbalho fez ainda um apelo aos Estados Unidos para que o país tenha uma participação maior e lidere as questões de financiamento climático mundial. "A solução passa por um aporte relevante e histórico na Amazônia, pois investir aqui é investir no futuro de toda a humanidade, de todos os continentes, de todo o planeta", destacou Helder Barbalho, que frisou que, somente no Pará, houve uma redução de 40% do desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024.