Os candidatos à prefeitura de São Paulo voltarão a se encontrar neste domingo, em mais um debate eleitoral, depois de muita polêmica sobre o comportamento do postulante do PRTB, o empresário, influenciador digital e coach Pablo Marçal, que desponta como um dos favoritos ao pleito de outubro. Os coordenadores das campanhas acertaram regras para serem seguidas por todos no encontro promovido pela TV Gazeta e pelo canal My News, como a proibição de exibir documentos e objetos. Os debatedores também não poderão se levantar de suas cadeiras.
Os candidatos do PSol, Guilherme Boulos; do MDB, o prefeito Ricardo Nunes; e do PSDB, o apresentador José Luiz Datena, ameaçaram não participar mais de debates com a presença de Marçal sem o compromisso da equipe do coach de que ele seguirá regras de bom comportamento.
O próprio Marçal levantou a possibilidade de também não participar de debates, mas foi desafiado pela candidata do PSB, Tabata Amaral, a não fugir dos encontros. No fim do primeiro debate desta campanha, na TV Band, semana passada, Marçal, sem apresentar provas, acusou Boulos de ser usuário de cocaína.
Depois, repetiu a acusação em suas redes sociais e, por essa publicação, foi multado em R$ 30 mil, pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Na decisão, assinada na quarta-feira, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral, entendeu que Marçal usou as redes sociais para espalhar propaganda eleitoral negativa e inverídica contra o adversário político. Colombini ressaltou que a liberdade de expressão é assegurada pela Constituição, mas não é um direito absoluto e se limita ao "campo da crítica de índole política".
Segundo o magistrado, "mensagens com conteúdo dessa natureza devem ser desestimuladas, pois reduzem o debate político à violência verbal, em vez de incentivar um ambiente saudável de discussão baseada em fatos e propostas construtivas para a sociedade".
Visto inicialmente como um azarão, Marçal já está empatado tecnicamente com Boulos e Nunes, segundo as pesquisas de intenção de votos divulgadas nesta semana. Com um comportamento que vem desnorteando os marqueteiros dos adversários, o influenciador virou o principal alvo da disputa. A multa imposta pelo TRE-SP é só uma consequência dos muitos processos a que ele responde no Judiciário. Só na Justiça Eleitoral, são 22 ações em curso.
Ele também é investigado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e pela Polícia Civil por tentativa de homicídio, referente à excursão que fez ao Pico dos Marins (na divisa entre São Paulo e Minas Gerais) com um grupo de 32 pessoas. Apesar dos alertas de mau tempo, levou seguidores para a montanha, de 2,4 mil metros. Todos tiveram que ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros.
Para continuar na disputa das eleições municipais deste ano, Marçal ainda terá que explicar à Justiça os métodos de remuneração de seguidores que multiplicam suas postagens de caráter político. A prática é considerada ilegal, ainda mais porque o influenciador utiliza, segundo denúncia apresentada ao TRE-SP, recursos financeiros, materiais e humanos de suas empresas. A acusação de abuso do poder econômico foi apresentada pela coligação de Tabata Amaral.
Também há um processo movido por Aldineia Fidelix, viúva do ex-presidente do PRTB Levy Fidelix, que acusa o atual presidente, Leonardo Avalanche, de descumprir um acordo de divisão de comando da agremiação, após a morte de Levy. O processo, em que Marçal é citado, pode levar ao cancelamento da decisão do PRTB de acolher o coach e lançá-lo na disputa municipal.