A cada ano, o Rally das Águas de Itacajá supera as expectativas dos segmentos envolvidos. Este ano, em sua 14ª edição bateu recorde de público, atraindo mais de duas mil pessoas e consagrando-se como o maior aquecedor da economia local. Realizado no Rio Manoel Alves Pequeno, compreende um passeio pelo rio que pode ser em balsas improvisadas, bóias ou em colchões infláveis. O ponto inicial é a Fazenda Dois Irmãos. A chegada é na praia da Orla, no perímetro urbano da cidade. Um dia antes, a Prefeitura reforçou a garantia de público com o show da dupla Israel e Rodolffo.
Se o evento agrada aos moradores e atrai turistas, imagine o retorno gerado ao comércio local. ‘’É lucro garantido. É a época mais esperada do ano”, garante João Batista Oliveira dos Santos, vice-presidente da Associação dos Comerciantes de Itacajá (Acitacajá). Proprietário de um estabelecimento comercial, vem calculando a evolução e o retorno do evento ao comércio local há anos. “Geralmente temos uma aumento em torno de 40%, em relação aos demais meses”, afirma.
Segundo Batista, o retorno do evento é tão grande que faz com que Prefeitura invista para manter a continuidade dele. “O comércio local vem cobrando, porque sabemos que o retorno não é apenas para nós, mas também para a rede hoteleira, para o pequeno e o médio comerciante”, justifica. Para reforçar as vendas, a Associação investiu na produção de abadas com a logomarca do evento, colocados à venda em vários pontos formais e informais da cidade.
Se dependesse da proprietária de um dos hotéis da cidade, Luzenir dos Santos, o evento teria uma duração maior, seria, pelo menos, de seis em seis meses. “Com a realização do Rally é casa cheia. Estou com todos os apartamentos lotados, tem gente dormindo em rede, porque não podemos atender a todos”, disse.
Proprietário de uma loja de confecções, Ruberval da Silva é da mesma opinião de Luzenir. “O que mais sai é short e roupas de banho”, revela ele, adiantando que o público feminino é o que mais consome. Nos demais estabelecimentos, os mais produtos mais vendidos são boias, isopor, gelo, cerveja, água, refrigerante e carne. Os ganhos chegam ao empreendedor individual. O movimento no salão do cabeleireiro José dos Reis Cavalcante aumentou mais de 40%. “Toda época do Rally aumenta o número de clientes”, observa.
Turistas
Ao longo dos anos, o evento vem superando as expectativas dos segmentos envolvidos, trazendo de volta os filhos da terra que residem em outras cidades, além de turistas tocantinenses e de outros estados. Do Goiás, vieram duas Caravanas. De Palmas, Fernando Ferrarin e Fernanda Ruiz não só participam como motivaram a vinda de Rogério Maracaípe. “Ficamos sabendo do Rally há dois anos através de uma matéria de TV e nos encantamos. Um ano depois, vi um panfleto divulgando a data e programei nossa vinda. Gostamos tanto que trouxemos mais um este ano”, revela Fernando.
Segundo Rogério, o boca-a-boca foi o suficiente para trazê-lo, mas nenhuma descrição dos amigos foi o suficiente para traduzir o que realmente é o evento. “É surpreendente! O que mais me atraiu foi saber que, pra não me afogar, tinha que fazer o percurso com uma latinha de cerveja no pescoço. Não é que funciona!”, concluiu.
História
Apesar de haver controvérsias em relação à origem do Rally, a mais citada é a versão de que tudo começou de uma brincadeira de um grupo de amigos, que resolveu descer o Manoel Alves Pequeno em boias, no estilo boia cross. A experiência despertou, aos poucos, o interesse da população, até tornar-se referência no Tocantins e fora dele. O sucesso foi tamanho, que o evento já vem sendo adotado em outras cidades tocantinenses, a exemplo de Goiatins, Palmeirante e Miracema.