O fato de a bola parar de rolar pelo Campeonato Brasileiro não significa que o futebol adormeça. As preocupações com resultados dão lugar ao planejamento e estratégias para a próxima temporada. Esta época do ano costuma demandar atuação intensa nos bastidores, sobretudo para seduzir treinadores após as tradicionais danças das cadeiras. A passagem de 2023 para 2024, porém, apresenta uma realidade diferente.
Somente dois dos 20 clubes classificados para a Série A de 2020 estão sem treinadores. Em eras um pouco mais conturbadas, o número seria maior. E a dupla é justamente campeã. Cruzeiro e Athletico-PR promoverão algumas entrevistas antes de decidir quem herdará as pranchetas de Paulo Autuori e Wesley Carvalho. Os dois foram espécies de “tampa-buracos” após demissões de Zé Ricardo e Paulo Turra.
A Raposa deve manter a aposta em estrangeiros. Após as passagens do uruguaio Paulo Pezzolano e do português Pepa, os argentinos Fernando Gago e Gabriel Milito são os mais cotados para tocar o projeto no lado azul de BH.
“É fundamental que quem chegue saiba da importância da cadeia do futebol. O mais importante vai ser que, quem quer que venha, entenda que o Cruzeiro tem processo e que não terá a chave do clube. Tem que respeitar esse processo, isso está muito claro”, ressaltou Autuori após o empate com o Palmeiras. O campeão da Libertadores de 1997 com o time celeste retorna ao cargo de diretor-técnico.
Diferentemente do Cruzeiro, o Athletico-PR não definiu qual profissional será a prioridade do clube. A torcida pede celeridade, pois 2024 marca o centenário do time rubro-negro de Curitiba. Existe lamentação pelo fato de o Furacão não ter se classificado para a Libertadores, mas nada capaz de atrapalhar a Era Petraglia. Sem oposição, a chapa do presidente Mario Celso foi aclamada e comandará a instituição até 2027.
Onze camisas vitoriosas do principal torneio do país têm, pelo menos, uma bússola para iniciar os trabalhos em janeiro (veja a lista completa no quadro ao lado). No mesmo período do ano passado, os 15 clubes campeões da elite nacional tinham treinador assegurado. O saldo era positivo em relação a dezembro de 2021, quando Flamengo e Internacional buscavam alternativas para Renato Portaluppi e Diego Aguirre. Na última sexta-feira (8/12), o Palmeiras comunicou que Abel Ferreira cumprirá o contrato até dezembro de 2024.
Embora a maioria dos gigantes saiba com quais filosofias trabalharão a partir do próximo mês, haverá movimentação intensa por peças capazes de mudar o patamar do clube. Diante das transições de presidentes, cargos administrativos podem concentrar os esforços de dirigentes. Após o alívio da permanência na Série A, o Vasco desligou o diretor esportivo da SAF, Paulo Bracks, e o diretor-técnico Abel Braga.
Na sexta-feira, o cruzmaltino informou a saída de mais cinco profissionais: Carlos Brazil (gerente de transição), Carlos Eduardo Borges e Marcos Antônio da Silva (coordenadores de futebol de base), Gabriel Ferreira (gerente administrativo) e Celso Martins (coordenador metodológico da base).
Diante da debandada, um nome ganha força para assumir o departamento de futebol e esboçar uma temporada melhor esportivamente. Tetracampeão brasileiro, com Cruzeiro (2013 e 2014) e Palmeiras (2016 e 2018), Alexandre Mattos pode deixar o Athletico. O último trabalho relevante de Mattos foi na montagem do elenco vice-campeão da Libertadores do ano passado, contra o Flamengo.
Em situação semelhante a do Vasco, o Corinthians também busca um nome de peso para atuar nos bastidores. O alvinegro formalizou uma proposta a Rodrigo Caetano. Dono da caneta corintiana a partir de janeiro, o presidente Augusto Melo detalhou condições financeiras e metas esportivas para o executivo atualmente vinculado ao Atlético-MG. Os cartolas paulistas estão otimistas, mas acreditam que o Galo deve fazer jogo duro e não abrir mão da multa rescisória.
Mais clubes devem aderir ao movimento de renovação administrativa nos próximos meses. Rebaixado pela primeira vez para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Santos passa, neste sábado (9/12), a partir das 10h. Ricardo Agostinho, Wladimir Mattos, Rodrigo Marino, Maurício Maruca ou Marcelo Teixeira sucederão Andres Rueda na presidência do Peixe de 2024 a 2026.
O vento das mudanças também soprarão em Porto Alegre. Também neste sábado, partir das 9h, sócios do Internacional vão às urnas para decidir o presidente do próximo triênio. O atual Alessandro Barcellos e o oposicionista Roberto Melo, ex-vice do clube, são os candidatos.
Athletico-PR: sem técnico
Atlético-GO: Jair Ventura
Atlético-MG: Felipão
Bahia: Rogério Ceni
Botafogo: Tiago Nunes
Bragantino: Pedro Caixinha
Criciúma: Cláudio Tencati
Corinthians: Mano Menezes
Cruzeiro: sem técnico
Cuiabá: António Oliveira
Flamengo: Tite
Fluminense: Fernando Diniz
Fortaleza: Juan Pablo Vojvoda
Grêmio: Renato Portaluppi
Internacional: Eduardo Coudet
Juventude: Thiago Carpini
Palmeiras: Abel Ferreira
São Paulo: Dorival Júnior
Vasco: Rámon Díaz
Vitória: Leonardo Condé