Para muitos, questões financeiras não são impeditivos para a prática de esportes ou atividade física. No entanto, para uma parcela da população brasiliense, a falta de recursos pode ser determinante até mesmo para a prática diária de exercícios e treinos. Pensando nos atletas com potencial, porém sem condições financeiras de arcar com custos básicos de equipamentos como tênis ou até mesmo inscrições em competições, o servidor público Epitácio Júnior criou o projeto Anjos Corredores. Trata-se de uma corrente solidária com o objetivo de ajudar esportistas que se encontram em situação de vulnerabilidade social e não são alcançados por patrocínios ou ações governamentais.
O público-alvo são atletas ou projetos sociais que contam com poucos recursos para se sustentarem. Muitos deles realizam campanhas de arrecadação como rifas ou "galinhadas" para compra de equipamentos ou financiamento de competições. No entanto, nem sempre são bem-sucedidos, pois a própria comunidade é carente. Além disso, são jovens vulneráveis às investidas do submundo das drogas e da violência, e que encontram no esporte um caminho e um refúgio.
As pessoas ou equipes a serem ajudadas pelos Anjos Corredores não recebem dinheiro. As ajudas vêm conforme a demanda por equipamentos ou serviços. "Alguns atletas precisam de equipamentos, outros precisam de passagem aérea ou hospedagem para comparecer a alguma competição. Nós adquirimos e repassamos a eles. Os Anjos Corredores não doam, eles investem", comenta Epitácio.
Por causa do projeto, atletas de Brasília puderam seguir praticando esportes e desenvolvendo seus potenciais. É o caso do lutador de jiu-jitsu Emanuel Enzo, 11 anos. Multicampeão na modalidade, o morador de São Sebastião iria disputar o campeonato sulamericano no Rio de Janeiro, mas a mãe não tinha o dinheiro da hospedagem. "Em quatro dias, arrecadamos o valor necessário e arcamos com os custos com a estadia para que o Emanuel pudesse competir", conta Epitácio.
Os Anjos Corredores também ajudam equipes e projetos coletivos como o Juventude Team, da Estrutural. Segundo Epitácio Júnior, essa foi a campanha mais desafiadora. "São professores que buscam resgatar jovens da criminalidade e do tráfico, oferecendo, gratuitamente, aulas de muay thai, jiu-jitsu e de violão para mais de 120 alunos. Nós, os Anjos Corredores, conseguimos custear a aquisição de diversos equipamentos esportivos para que eles conseguissem continuar treinando", destaca.
No Recanto das Emas, o Clube dos Descalços também foi ajudado pelos Anjos Corredores por meio da doação de sapatilhas e tênis aos atletas Nayane Xavier e Ângelo Matheus, praticantes de atletismo.
Apaixonada por corrida de rua, a bancária Marinez Mariano pratica a modalidade há cerca de 10 anos e integra o grupo Anjos Corredores desde a fundação. "É um projeto bacana e merece visibilidade. Por que não usar a paixão pela corrida para ajudar o próximo?", indaga.