O Telegram promoveu hoje (9) disparos em massa dentro da plataforma com ataques ao Projeto de Lei das Fake News, o PL 2630. A plataforma apelou para a desinformação ao apontar que a regulação das redes sociais implicaria em censura do governo. Na última semana, a plataforma saiu do ar por dois dias após proteger usuários que disseminam conteúdo nazista. Então, a Justiça determinou sua suspensão temporária. Agora, o Telegram surpreende os usuários com uma série de acusações sem correspondência com a realidade.
Inicialmente, a plataforma afirma que “a democracia está sob ataque no Brasil” em razão do Projeto de Lei 2630/2023. Em seguida ela expõe suas razões. A primeira delas é de que a matéria “concede poderes de censura ao governo”. Contudo, a verdade é que o PL exclui do Poder Executivo do controle das redes. O que se busca com o projeto – que não é de autoria do governo federal – é apenas o cumprimento da lei nestes ambientes. Contudo, o Telegram prossegue na defesa de que crimes sigam impunes dentro de sua plataforma.
Na sequência, a direção do aplicativo de mensagens lembra da suspensão da última semana. Entretanto, escondem os motivos reais. “O ministro da Justiça requisitou recentemente sanções contra o Telegram, alegando que o aplicativo ‘não respondeu a uma solicitação’”, afirma o texto encaminhado automaticamente aos usuários.
A realidade é que o Poder Judiciário impôs a suspensão, como dito, após a plataforma negar fornecer informações a uma investigação que buscava criminosos nazistas que estimulam ataques pelo país, inclusive em escolas.
Big techs e extrema direita
As grandes empresas de tecnologia, chamadas big techs, não escondem mais o posicionamento político. Estão aliadas com a extrema direita, em particular com bolsonaristas, na intenção de garantir a liberdade para a disseminação de mentiras nas redes sociais.
O lobby das big techs, inclusive, é apontado pelo relator da matéria na Câmara dos Deputados, Orlando Silva (PCdoB-SP), como responsável pela suspensão da votação na Casa. O Telegram confirma, em seu texto, a investida conjunta destas empresas.
“É por isso que Google, Meta e outros se uniram para mostrar ao Congresso Nacional do Brasil a razão pela qual o projeto de lei precisa ser reescrito”, afirma o Telegram. De fato, o Google também promoveu seus próprios interesses financeiros a partir de seu buscador, que domina 97% do mercado do tipo no país. Ao lado da caixa de busca aparecia um link para um texto atacando o PL. Contudo, após ameaças de sanções pela ilegalidade da ação, a gigante do Vale do Silício retirou o posicionamento do ar.
Reação ao Telegram
Através das redes sociais, internautas criticaram a tentativa de imposição de verdade única do Telegram. “Esse é o exemplo do porquê precisamos de uma lei para nos proteger dessas empresas que só visam o lucro doa a quem doer”, afirmou o Twitter do grupo Sleeping Giants, que busca responsabilizar empresas que desrespeitam a democracia e promovem desinformação através da cobrança pela desmonetização de conteúdos.
O influenciador digital Felipe Neto disse estar chocado com o texto do Telegram. “Essa mensagem enviada pelo Telegram sobre o PL 2630 é uma das coisas mais absurdas que eu já vi na minha vida. 90% do texto é simplesmente mentira”, argumenta.
Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta, classificou a ação do aplicativo como “inaceitável”. “Telegram desrespeita as leis brasileiras e utiliza sua plataforma para fazer publicidade mentirosa contra o PL 2630. As medidas legais serão tomadas. Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país”, completou.
Com informações da RBA