O primeiro trimestre de 2023 (1T23) foi desafiador para os frigoríficos. A temporada de resultados chegou ao fim nesta semana, com alguns destaques e desafios.

Para Gustavo Troyano, analista do setor de Alimentos e Bebidas do Itaú BBA, entre os fatores que afetaram os resultados das companhias brasileiras no período, o destaque fica para a suspensão das exportações para China entre fevereiro e março após um caso atípico de mal da vaca louca. O fato prejudicou principalmente a Minerva(BEEF3), que apesar disso, foi o único frigorífico que apresentou lucro no 1T23.

Nos Estados Unidos, por outro lado, os impactos negativos vem da inversão do ciclo do boi, com uma menor disponibilidade de gado afetando as margens do setor de forma negativa. Além disso, os custos elevados de grãos e a fraca demanda doméstica afetou os rendimentos das operações no 1T23. Tais fatores impactaram em especial a Marfrig (MRFG3).

Além disso, a elevada oferta de frango e porco desfavoreceu os preços de exportação das companhias, sobretudo a BRF(BRFS3).

Alerta para JBS?

Por sua vez, a JBS (JBSS3), principal empresa de proteína animal, foi afetada por todos estes fatores, em razão das suas diferentes unidades de carnes tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Além disso, a empresa é exposta a diferentes geografias internacionais, sendo impactada por todos diferentes fatores macroeconômicos.

“O frigorífico apresentou poucas notícias positivas nos primeiros três meses de 2023, com a companhia adotando um tom de recuperação em todas as suas divisões, principalmente para Seara, onde os custos de grãos tem se mostrados mais favoráveis e devem resultar em uma recuperação sequencial da rentabilidade daqui para frente. A expectativa, a mensagem positiva, fica para uma retomada”, comenta Troyano.

Assim, no 1T23, as divisões de carne bovina dos Estados Unidos foram afetadas pelo maior custo de gado, enquanto as operações de carne de porco e aves foram impactadas pela queda de preços por estoque de suínos, elevados custos de engorda e elevado estoque global de frango.

No Brasil, o bloqueio das exportações de carne bovina para a China e o custo elevado de engorda dos animais na divisão de frango (Seara) foram as questões que mais contribuíram negativamente para rentabilidade das operações da JBS.

Em qual boi apostar no 2T23?

Com isso, a pergunta que fica é: o que esperar para os próximos resultados? Para o 2T23 e ao longo de 2023, o BBA projeta uma retomada na tendência de aumento da demanda chinesa por carne bovina, após o fim do embargo. Por outro lado, quando se olha para oferta, a expectativa é que haja um ambiente de custo controlado, principalmente devido à maior disponibilidade de gado no país.

Dessa forma, com estes dois fatores, o BBA tem um maior otimismo para Minerva (BEEF3) na comparação com seus pares.

Confira a recomendação do Itaú BBA para as ações dos frigoríficos: