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“Radiador do mundo”, Floresta Amazônica é responsável por ajudar a regular chuvas na América do Sul

Estudo feito pelo professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), aponta que 25% das chuvas nas regiões Sul e Sudeste vêm da região amazônica.

Publicada em 01/11/23 às 13:13h - 26 visualizações

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“Radiador do mundo”, Floresta Amazônica é responsável por ajudar a regular chuvas na América do Sul
 (Foto: Rádio Rir Brasil Itacajá TO - Direção: Ronaldo Castro 63 99139-3740)

A Floresta Amazônica tem um significado maior do que representar 7% de toda a superfície do planeta e ter 10% de toda a biodiversidade do mundo. É também responsável diretamente por ajudar a controlar a quantidade de chuvas que atingem nosso país e mesmo os nossos vizinhos.

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Um estudo feito pelo professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), aponta que 25% das chuvas nas regiões Sul e Sudeste vêm da região amazônica.

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“A reciclagem da umidade é muito importante, boa parte das chuvas é devolvida pela floresta de volta para a atmosfera, evapora ou é transpirada de volta, é uma contribuição importante”, disse, em entrevista à CNN Rádio.

David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que as árvores funcionam como uma espécie de canudo, puxando umidade do ar de camadas inferiores do solo e jogando vapor de água para a atmosfera, por meio da ‘transpiração’ das árvores.

“A quantidade de água que isso representa é enorme, até pelo tamanho da Floresta. Isso acaba reduzindo a temperatura. É como se fossem aqueles ventiladores com umidificadores unificados”, exemplifica.

Existe um segundo conceito, chamado de “rios voadores”. O pesquisador contou que isso acontece quando se forma um corredor de umidade que vem para o Sul e Sudeste — e, por isso, essa quantidade de precipitação representa um quarto do que chove nessas regiões. Tanto que Lapola considera que a Amazônia é “o radiador do mundo”, e não o pulmão, por não produzir tanto oxigênio assim.

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Ricardo de Camargo, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explica que o impacto positivo não se estende apenas ao Brasil, e reforça que essa “reciclagem” que a Floresta Amazônica faz é fundamental.

“Sabemos que muito da precipitação que atinge Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Paraguai, Argentina e Bolívia tem uma parcela importante de umidade da Floresta Amazônica. Não que ela seja a fonte principal, mas ela consegue manter a umidade que vem do Oceano Atlântico e equilibra as estações”, explica.

A estimativa é que pelo menos 20% da floresta brasileira (que representa 61,8% do total entre os oito países) já tenha sido desmatada. Mesmo que, eventualmente, isso fosse recuperado, Camargo considera que já há danos irreversíveis.

“Se a gente pensar em escala de tempo mais longa, a disponibilidade de umidade para os arredores, por meio da circulação atmosférica –como vento, por exemplo– vai ser ainda mais impactada com o desmatamento. E já vemos uma mudança no índice de chuvas em algumas localidades. A chance disso se reverter é muito pequena”, lamenta.

A divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) começou a apontar alguns desses efeitos: as chuvas previstas para Rondônia nesta semana, por exemplo, não aconteceram, por causa de uma massa de ar seco e calor.

“Quando há o desmatamento, a floresta perde a capacidade de retirar a umidade das camadas mais profundas do solo, e faz a evaporação acontece apenas com o que está na superfície”, acrescenta Lapola.

Um estudo liderado por Callum Smith, da Universidade de Leeds, publicado na revista Nature, coletou dados de precipitação por meio de satélite entre os anos de 2013 e 2017. Uma das conclusões é que o desmatamento atrapalha o ciclo da água e reduz significativamente as chuvas, principalmente nas estações chuvosas, e que a queda na quantidade de precipitações pode passar de 8% até 2050 na América do Sul.

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