Brigada feminina é pioneira no Tocantins e atua na prevenção e combate aos incêndios florestais, com foco nas queimas prescritas e educação ambiental comunitária
Mulheres indígenas que atuam na Associação de Brigadistas Xerente (Abix) receberam uma série de equipamentos para os trabalhos da brigada voluntária feminina de prevenção e combate aos incêndios florestais, com foco nas queimas prescritas e educação ambiental comunitária. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 17, em Tocantínia, na Aldeia Cachoeirinha, do povo Xerente. A Sepot também realizou uma entrega simbólica na sede da Pasta.
Os equipamentos foram adquiridos por meio de articulação das Secretarias de Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca), que adquiriram uma emenda parlamentar da deputada Cláudia Lélis. O objetivo é dar continuidade ao trabalho dessas mulheres, que são pioneiras na América Latina.
Entre os objetos entregues estão sopradores, lanternas, capacetes de segurança, óculos de proteção, facões, enxadas, estojo médico, foices, machados, motobombas, computadores, celulares, data show, caixa de som e outros. A coordenadora do projeto, Ana Shelley Rodrigues Barboza Xerente, relatou que este ano alcançaram mais de 70 aldeias, envolvendo anciãos, crianças, adolescentes e mães. “Trabalhamos com voluntários, inspirando não apenas essas mulheres, mas também outras crianças, levando educação ambiental.”
“Nossa alegria é imensa quando visitamos as aldeias e percebemos o impacto positivo em crianças que sonham em ser brigadistas quando crescerem. Também desenvolvemos um calendário tradicional, com nomes de anciões e informações sobre o tempo adequado para queimar, visando preservar nosso território”, completou.
A secretária da Sepot, Narubia Werreria, expressou gratidão às brigadistas, afirmando que, mesmo com recursos limitados, nunca deixaram de buscar oportunidades para o seu povo. “Acredito que o projeto é grandioso, tornando-nos uma referência mundial. As meninas são verdadeiras guerreiras, as primeiras mulheres brigadistas da América Latina, fazendo história em todo o nosso continente”, disse.
Para Narubia, contribuir de alguma forma com o trabalho que essas mulheres realizam, não apenas para o Tocantins, mas para o mundo inteiro, é o mínimo que pode ser feito. “Muitas outras mulheres indígenas no Brasil podem se sentir inspiradas por vocês. Estou muito feliz porque estamos onde queremos estar, seja na educação ambiental ou no combate ao fogo. Temos o potencial para ocupar todos os lugares que sentimos em nossos corações que podemos fazer a diferença”, destacou.
A deputada Cláudia Lelis, como mulher, enfatizou a importância de defender os direitos das mulheres e alcançar uma sociedade equilibrada entre homens e mulheres. “A população do Tocantins está experimentando diretamente os benefícios de um governo ativo, que se preocupa com aqueles que foram historicamente negligenciados, sendo um compromisso notável o reconhecimento da importância das mulheres”, disse a parlamentar.
O secretário da Semarh, Marcelo Lélis, disse que esse momento é muito maior do que a entrega do que é material, dada a repercussão positiva que ela terá dentro das aldeias e ressaltou que é importante que as mulheres ocupem esses espaços. “As novas gerações olham com muito orgulho para o que vocês têm feito. Isso traz uma mudança de paradigma extraordinário. E para a Semarh é fundamental essa participação em prol do meio ambiente”, observou.
Para Mônica Brito, secretária do Cedeca, essa pauta é transponível e o Cedeca apoia esse trabalho porque segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas (ONU). “A pauta da equidade de gênero é estratégica para o Tocantins, assim como a questão das mudanças climáticas que são assuntos que estão muito juntos e temos uma grande preocupação com o nosso futuro”, disse.
O projeto
Com o apoio do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Brigada Voluntária Feminina do Povo Xerente, pioneira no Brasil se concretizou com a formação de uma equipe de 29 mulheres brigadistas em agosto de 2021.
As terras indígenas enfrentam riscos significativos de incêndios devido às condições climáticas e ações humanas, afetando a comunidade e a biodiversidade. O projeto busca preservar o território, realizar queimas prescritas e promover a educação ambiental nas aldeias, com ênfase no papel crucial das mulheres.
Fonte: Ascom SEPOT
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