É uma polarização ideológica gastronômica que surge sempre no mês de dezembro: afinal, a ceia será com passas ou sem passas?
De um lado, estão os que odeiam e preferem se sentar à mesa com o tio que vota no espectro político oposto a comer qualquer coisa com a frutinha; do outro, aqueles que não conseguem conseguem imaginar a pompa e a solenidade de Natal e Ano-Novo sem o complemento.
Pois a história do alimento é tão longeva quanto rica em interpretações. Uvas-passas são mencionadas em textos do Antigo Testamento da Bíblia, o que leva a crer que elas já eram consumidas há pelo menos 4 mil anos.
No fundo, a proposta da fruta desidratada faz todo o sentido, sobretudo em um mundo antes da geladeira. Era uma forma de conservar o alimento por meses — e tê-lo à disposição mesmo nos meses de inverno rigoso.
Segundo a gastrônoma e historiadora Camila Landi, professora e coordenadora do curso de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os indícios apontam que o consumo das passas começou por uma questão de sobrevivência, na remota Antiguidade.