O ditador Nicolás Maduro (à direita na foto) afirmou na sexta-feira, 9 de agosto, que pretende conversar com os presidentes do Brasil, Lula, da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, sobre a crise desencadeada após a farsa eleitoral na Venezuela.
“Está pendente uma conversa com os três presidentes, esperemos que aconteça”, disse Maduro depois de deixar o Supremo Tribunal de Justiça, onde se reuniu com magistrados da Câmara Eleitoral – controlada por juízes simpatizantes do chavismo.
Na última quinta-feira, os governos de Brasil, Colômbia e México publicaram um segundo comunicado sobre a fraude promovida por Nicolás Maduro. Os três países, novamente, não criticaram a ditadura venezuelana pela não divulgação das atas das seções eleitorais, tampouco pela repressão aos manifestantes pró-democracia.
Maduro afirmou que, nos últimos dias, estava prevista uma chamada com os presidentes dos três países, mas ela foi cancelada de última hora devido a problemas de agenda.
“Respeito profundamente estes três presidentes e comunicarei com eles no momento certo”, disse o ditador venezuelano, que garantiu estar disponível “ao telefone 24 horas por dia” para falar com os líderes.
Acrescentou ainda que respeita a soberania desses países e que não faria comentários sobre os respectivos governos, mas que explicará aos presidentes a “situação difícil de compreender” que a Venezuela atravessa.
“Tudo o que circula nos meios de comunicação desses países é manipulação, (mas nós) somos especialistas em derrotar isso, temos o poder de derrotar mentiras.”
No comunicado divulgado pelos governos de Brasil, Colômbia e México, os três países voltaram a retomar o pedido, sem críticas, pela apresentação das atas eleitorais.
E também responderam à decisão do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, que reafirmou a responsabilidade do Conselho Nacional Eleitoral em divulgar as atas, frustrando o plano de Maduro.
Leia a íntegra da nota:
Declaração Conjunta do Brasil, Colômbia e México sobre as eleições na Venezuela
Bogotá, Colômbia, 8 de agosto de 2024
Os chanceleres do Brasil, Colômbia e México, por ordem de seus respectivos presidentes, reuniram-se virtualmente ontem, 7 de agosto de 2024, para continuar a discutir a situação atual na Venezuela.
Consideram fundamental que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) apresente os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, discriminados por posto de votação. Ao tomarem conhecimento do processo iniciado perante o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ) relativo ao processo eleitoral, partem da premissa de que a CNE é o órgão responsável, por mandato legal, pela divulgação transparente dos resultados eleitorais .
Reafirmam a conveniência de permitir a verificação imparcial dos resultados, respeitando o princípio fundamental da soberania popular. Além disso, reiteram o apelo aos atores políticos e sociais do país para que exerçam a máxima cautela e moderação nas manifestações e eventos públicos e às forças de segurança do país para garantirem o pleno exercício deste direito democrático dentro dos limites da lei. O respeito pelos Direitos Humanos deve prevalecer em qualquer circunstância.
Manifestando, mais uma vez, o seu respeito pela soberania e vontade do povo venezuelano, anunciam que continuarão com as conversações de alto nível, e sublinham a sua convicção e confiança de que as soluções para a situação atual devem emergir da Venezuela. Nesse sentido, reiteram a disposição de apoiar os esforços de diálogo e de busca de entendimentos que contribuam para o estabilidade política e democracia no país.