A Polícia Federal (PF) avalia pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) o bloqueio de R$ 17 milhões arrecadados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) via Pix. As declarações foram feitas em entrevista ao Portal UOL, aos jornalistas Josias de Sousa, Lucas Borges e Gabriel Tavares.
A a medida pode ser solicitada caso apareçam indícios concretos de lavagem de dinheiro ou crime contra a economia popular.
Os investigadores da Polícia Federal suspeitam que parte dessas doações recebidas pelo ex-presidente tenham vindo de laranjas, na tentativa de “esquentar”, ou seja, encobrir a origem do dinheiro obtido a partir da venda de presentes oficiais recebidos pela Presidência de República.
No caso de crime contra a economia popular, a legislação poderia enquadrar Bolsonaro no trecho que fala sobre “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo, ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações, ou processos fraudulentos”.
A Polícia Federal deverá vai cruzar dados para tentar identificar, um a um, os doadores dos R$ 17 milhões que o ex-presidente recebeu via Pix.
Coaf investiga doações
Reportagem do portal G1, publicada no dia 27 de julho trouxe relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de Pix de janeiro a julho deste ano.
Segundo o Coaf, as movimentações, classificadas como atípicas, “provavelmente” têm relação com uma campanha de arrecadação feita por apoiadores de Bolsonaro para pagar multas dele à Justiça.
As informações foram enviadas para a CPI dos Atos Golpistas do Congresso como parte da análise da movimentação financeira do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O Coaf considerou que as movimentações dos dois estão relacionadas. Bolsonaro não é investigado pela CPI.
Em nota, a defesa do ex-presidente afirma que os valores “são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”. (veja a íntegra da nota abaixo).
A análise das movimentações do ex-presidente vai de maio do ano passado a julho deste ano. Neste período, Bolsonaro movimentou R$ 39,9 milhões. A conta recebeu quase R$ 20 milhões. E saíram dela outros R$ 20 milhões.
Ainda segundo o relatório do Coaf, de 1º de janeiro a 4 de julho deste ano, o ex-presidente da República recebeu quase 770 mil depósitos via Pix, que totalizaram R$ 17,2 milhões. O ex-presidente teria feito campanha de arrecadação junto a colaboradores para que fizessem depósitos via PIX para o pagamento de multas de ações judiciais, porém o conselho identificou que Jair Bolsonaro investiu os R$ 17 milhões em renda fixa e nenhum das multas foram pagas.
Com informações do UOL, G1 e CNN Brasil